quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Segundo Mês: Parte II

As náuseas aumentavam a cada dia, e a diminuição de alimentos ingeridos também.
Cheguei na fase de nausear com qualquer tipo de cheiro, qualquer mesmo. Perfumes, alimentos, gasolina, fruta, produtos de limpeza, cosméticos, etc. Era um inferno. Antes eu adorava sentir cheiro de pão na chapa sabe? Me lembrava os velhos tempos de gordinha e já me imaginava comendo um farelinho, a felicidade tomava conta!
Mas, não era nada disso que eu sentia quando qualquer odor vinha ao meu nariz. Voltei novamente na psicóloga, a fofa Dra. Andréa que também fez essa redução, e disse que não era psicológico, porque até hoje existiam alguns cheiros que ela não se sentia bem. E me orientou a conversar com a nutricionista mais uma vez para tentar mudar minha dieta, por algo que eu tolaresse mais.
Totalmente em vão. A Nutricionista disse que o meu caso era psicológico SIM, e que eu tinha que forçar a me alimentar mais vezes, mesmo vomitando. Saí da clínica um caco de pessoa, pensando que eu realmente não estava tentando melhorar meu estado clínico e que tudo dependia de mim.
Mas na verdade gente, não é bem assim. Existem casos que pacientes começam a ter problemas psicológicos por não comer, ficam depressivos e tudo mais. Mas eu tentava ingerir, eu juro! Quando meu cardápio veio e lá estava dizendo que eu poderia comer alface, gente, eu fiquei tão feliz que vocês não imaginam!

Eu era uma gordinha saudável, adorava comer verduras, legumes, sempre troquei fácil um copo de refrigerante por um de suco.
Agora vocês devem estar pensando, se não havia problema para ingerir alimento natureba, porque era gordinha? E eu respondo, o problema não era a qualidade dos alimentos, e sim a quantidade. Posso arriscar em dizer que eu comia a quantidade que dois pedreiros famintos comeriam.
Então, quando fui liberada para mastigar, adivinham qual foi o alimento que eu estava com a maior vontade da vida? Chuchu!!!


Só eu mesmo! Chuchu com azeite e sal.
Comi uns 3 dias seguidos! 
Esse era o único alimento salgado que eu conseguia ingerir. 
As frutas sempre foram um prato cheio pra mim, comia o tempo todo, ou melhor, o tempo todo que minha mãe brigava comigo. Ela já não sabia mais o que fazer para que eu me alimentasse direitinho, mesmo sendo pequenas quantidades, eu não conseguia ingerir o que pediam. Eu mal terminava de comer uma maçã por exemplo e já tinha que começar a comer tudo de novo. Meu estômago não aguentava.

Chegou um momento que liguei para o outro assistente do meu cirurgião, porque eu não confiava mais na outra assistente e disse que eu já não estava me alimentando muito bem e que sentia náuseas o dia todo, e ele me disse que realmente NÃO ERA NORMAL, e pediu para que eu o encontrasse no hospital 9 de Julho, e foi o que fiz.
Cheguei lá, ele ainda não havia chegado e fui atendida por outro médico que entrou em contato com ele. Tomei um plasil na veia para tentar melhorar, e nada. Continuei na mesma. Aí o médico chegou e disse que provavelmente eu estava com algum alimento entupindo a saída do estômago para o intestino, ou poderia ter dado quelóide na junção do novo estômago e intestino.

E que tudo isso, seria de fácil resolução, que se fosse o entupimento o alimento seria retirado e se fosse quelóide eles iriam alargar a passagem estômago/intestino.
Fiz uma radiografia com contraste, aff gente, que horror é aquele líquido leitoso, fedido que me deram, quase desmaiei.
Mas nesse exame eles detectaram que não havia nenhum alimento atrapalhando a passagem. Menos mal né?
Então, o médico pediu para me internar que eu faria uma endoscopia, e nesse meio tempo eu iria tomando medicamentos para náuseas, assim eu me sentiria mais confortável.
Eu me sentia tão fraca, sem forças, sem ânimo, que nem conversar eu queria. E olha que para eu não abrir a boca, é porque eu não estou bem meeesssmmooo! 
Fiz a endoscopia, e também não tinha nada. Absolutamente nada. E os médicos? Bom, não entenderam porque eu estava daquela maneira.
 
E o diagnóstico deles foi "psicológico".

E ainda eu tive que ouvir: "Ah querida, você está enjoada, já sabe então como vai ficar quando estiver grávida!" - "Você não tem nada, deve ser vontade de comer algo que não pode ainda" - "Logo mais você vai conseguir comer um Mc Lanche Feliz"

Eles tiveram muita sorte que eu estava sem rumo e que não tinha forças para retrucar. Daí pra frente eles perderam totalmente a credibilidade comigo e com a minha família.
As enfermeiras ficavam em estado de choque por eu não comer, nausear, e com tudo isso tomando remedinhos na veia. Elas eram muito fofas! Aliás, todas as enfermeiras que cuidaram de mim em todas as minhas internações são fofas!

Do dia da internação, até o dia da alta com o diagnóstico "psicológico", me renderam 1 semana no Hospital 9 de Julho.

2 comentários:

  1. Que absurdo!!!!!
    Que descaso!!!!!

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  2. Tati....
    To passando mal.. quero saber logo o resto!!!!!!!!!
    Amo esse seu cantinho viu..
    Bjus

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