Quarto Mês: Segunda semana

Oi pessoal!!
Não tenho palavras para agradecer o carinho que recebi de vocês nos últimos tempos! Todos vocês são muito carinhosos e se preocupam comigo! Não canso de dizer escrever, muito obrigada!!
Sabemos que cada caso é um caso, e que muitas meninas estão prestes a marcar a data da cirurgia e outras que já operaram, então, fiquem sempre atentos aos seus sintomas e se a dúvida aparecer, ligue para o seu médico. Não gostou da resposta? Procure outra opinião, temos esse direito!

Estão prontos para mais um capítulo? Quem ainda não leu os posts anteriores, é só CLICAR AQUI!!

Bom, 2011 já havia iniciado e com isso o calor de Janeiro também. Eu já não saía mais de casa e cada vez menos eu ia ao banheiro, mesmo eu bebendo água o dia todo.
Meus tios foram em uma consulta com seu médico e eles relataram o que estava acontecendo comigo, então, ele me encaminhou uma série de exames que ele já suspeitava que eu estava desnutrida. Eu estava cada vez mais enjoada, e minha mãe começou a me forçar a comer algo salgado. Só de sentir o cheiro da comida quando ela trazia eu passava mal. Eu tentava enganar as vezes dando um pouquinho para os meus cachorrinhos, eu sei que isso não é legal e que não me ajudava em nada, mas além de passar mal, ficar ouvindo a minha mãe pegar no meu pé era demais.
Fiz os exames e quando o resultado saiu, eu liguei para os meus tios para enviar os resultados para o médico já que eu não tinha condições de sair de casa.
Foi quando eu anotei o email, já era final de tarde, e eu disse para minha mãe que eu iria ao banheiro antes de enviar o email.
Primeiro que para levantar do sofá era um caos, eu tinha que travar os joelhos para depois começar a andar. Eu marchava na verdade. Ia rezando da sala até o lavabo com medo de cair, mas dessa vez foram apenas quatro passos... Caí, na verdade desmontei e machucou.
Caí em cima do meu pé que tenho dois parafusos e começou a doer demais, perdi totalmente as forças, eu não conseguia sair do lugar. Foi horrível. Meu irmão havia saído de casa pouco mais de 10 minutos, estava só minha mãe e eu. E minha mamy simplesmente trava, bloqueia todos os sentidos dela. Ela não escuta, não enxerga, é um desespero só.
Na hora que caí, ela disse: "Não chora, não grita, eu vou ligar para o seu irmão." Ela me deu uma almofada para eu apoiar a cabeça e fiquei no chão esperando meu irmão chegar. Ele chegou e foi verificar se o convênio poderia me mandar uma ambulância e infelizmente, não era possível. Aí, eles decidiram me levar para o hospital. Eu estava de pijama, sem tomar banho, com o cabelo uó, estava destruída. Enquando eles ia organizando as coisas, eu ainda no chão ficava pensando se eu merecia passar por tudo aquilo e sempre vinha uma frase na minha cabeça: "Você que escolheu, agora segura as consequências."
Meu irmão tentou me dar apoio para eu levantar mas eu não consegui, tadinho gente, ele me pegou no colo no chão e me colocou no carro. Fomos todos para o hospital São Camilo da Pompéia. Quando chegamos lá, precisou de três enfermeiros para me tirar do carro, sendo que meu irmão fez isso sozinho...
Passei primeiro pelo ortopedista, contamos a estória para ele desde o começo. Ele pediu um raio-x do pé para avaliar.
Enquanto estávamos aguardando o raio-x, minha mãe disse que era para ligar para o assistente do meu cirurgião, como minha família já desacreditava que eles diziam que era "normal", meu irmão foi quem ligou e conversou com o médico.

Meu irmão contou o que havia acontecido, e pediu para que ele nos orientasse no que fazer no hospital, e sabe o que o médico assistente disse?
Disse: "Sua irmã não tem problema, cirurgicamente ela está ótima, não estou em São Paulo e não tenho condições de voltar agora. Estarei na terça-feira no Hospital Brigadeiro, vocês vão até lá e passarei algumas coordenadas."
Minha mãe e meu irmão, desacreditaram no que ouviram. Ninguém estava colocando a culpa nele, só queríamos uma orientação. Foi aí que desistimos de vez daqueles médicos.
Fiz o raio-x e apresentou somente uma luxação e eu ficaria com uma tala por 7 dias e voltaria depois para retirar e conversar com ele. Mas o ortopedista nos fez contar novamente toooooda estória e disse que os meus sintomas não eram normais, que ele estava me encaminhando para avaliação com um clínico geral do PS.
Passamos com um desses médicos noviiiinhos e meu irmão já tratou de me detonar com o médico, disse que eu não estava comendo, que eu não andava e que passava o dia todo deitada. Minha pressão nesse momento estava 8/7, eu estava péssima, não conseguia falar e bebia água a todo instante. O médico disse que eu iria tomar um soro, que não tinha o que fazer, que eu tinha que me esforçar para andar.
Agora me fala, como eu ia andar se eu caía? Como eu ia comer se eu vomitava? Vomitava com ou sem comida no estômago, sempre, toda hora.
Pedi para o médico me deixar tomar o soro deitada, porque eu estava me sentindo muito mal, então, ele me arrumou um leito no PS. Ele disse que o plantão dele era até as 23h, e como faltava pouco, ele ia embora e outro colega iria fazer a avaliação final. Confesso que fiquei contente, porque eu teria mais uma chance de ser avaliada. Não era possível que eu não tinha nada. Comecei a acreditar que era psicológico mesmo.
Me deu vontade de ir ao banheiro e fiquei pensando em como iria se eu não conseguia andar sem tala, imagina com... rs
A enfermeira super boazinha disse que colocaria uma fralda para que eu pudesse fazer xixi tranquilamente. Só que quem disse que eu conseguia fazer?! Acho que tenho um bloqueio de xixi e cama! hahaha
Demorei horrores, até ter a idéia de simular um xixi! rs Joguei água na fralda para ela molhar e com essa sensação eu consegui! Ufa! Saiu um xixi horroroso, laranja, porque eu fazia xixi só 2x ao dia, e com a quantidade de soro que tomei, acho que me ajudou muito.

Mas, com a Graça de Deus, depois de duas bolsas de soro, já passavam das 2h da madrugada, um médico senhorzinho veio falar comigo. Perguntou como eu estava, eu contei tooooda estória novamente e ele comecou a me avaliar. Pediu para eu mexer meu pé, levantar a perna, apertar a mão dele e a avaliação mais grave aconteceu; ele pediu para fechar meus olhos e pediu para que eu indicasse em que perna a mão dele estava. Foi aí que meu desespero começou.

EU NÃO SENTIA.
Eu não sentia minhas pernas, elas já não respondiam aos meus comandos.
O médico disse que ele não poderia me liberar, que meu caso era neurológico e gravíssimo.
Fiquei das 6h da tarde às 2h da manhã para que um médico maravilhoso e abençoado foi me avaliar e fez um pré-diagnóstico.
Meu irmão foi me ver e quando soube que eu iria ficar internada, decidiu ir para casa e minha mãe ficou para me acompanhar e dar entrada na internação.

Às 4h da manhã eu fui para o décimo andar, apartamento 1037, onde eu jamais imaginei que passaria por tantas coisas lá.
Fui recebido pela enfermeira chefe, a Fátima, e a técnica Andreia!
Elas me recepcionaram muito bem, fizeram inúmeras perguntas, foram atenciosas e muito fofas!
Cheguei no quarto e queria fazer xixi novamente, elas me colocaram outra fralda, e lá fiquei, tentando, tentando e tentando. Uma hora ia né! rs
A Andreia, me perguntou quando eu havia comido e quando eu disse que foi um yakult na hora do almoço ela desacreditou. Disse que ia pedir um café da manhã para mim, e eu já temi minha nauseada básica.
Como o quarto não tinha cheiro nenhum, eu entrei em pânico já! rs
Então, uma senhora da copa veio trazer uma bandeja tão linda que até me emocionei!!! Veio café, leite, chá, torrada, pão, manteira, queijo, açúcar, adoçante, geléia, bolacha, bolo, suco, água, e muito mais.
Quando abri a garrafinha térmia e senti o cheiro do leite quentinho, JURO que me deu vontade de tomar café com leite sem açúcar. Nessa hora, minha mãe já estava morta com farofa e não escutava mais nada, tadinha, foi dormir com fome.
Coloquei 1 dedinho de leite e 1 de café e tomei! Chorei tanto de emoção!!! Vocês não imaginam o quanto foi bom poder comer sem passar mal.
Quando minha mãe acordou, eu disse pra ela que haviam trazido café da manhã e que tomei um pouquinho de café com leite, ela ficou super brava, disse que era para eu parar de mentir e blá, blá, blá! Mas quando ela viu a xícara suja ela ficou tão feliz quanto eu!!! Uma benção de Deus mesmo!!!

Gente, eu sei todos os nomes das pessoas que passaram essa fase comigo, elas foram peça-chave na minha recuperação!!!
Atendimento nota 1000 do São Camilo, mesmo tirando aquele médiquinho cardiologista se achando o master.

O quarto que eu fiquei foi esse! Legal né!? rs
Tinha uma varandinha que eu dizia que era gourmet! Embora eu não pudesse e conseguisse aproveitar! :)