sexta-feira, 27 de julho de 2012

Reportagem: Assalto noturno à geladeira pode ser doença


A obesidade é conseqüência, basicamente, de um transtorno de comportamento que corresponde a um consumo excessivo de alimentos comparado com o gasto de energia.
Estudos recentes sugerem que a contribuição genética à obesidade pode expressar-se em maior ou menor grau, dependendo das condições ambientais.
Existem obesos com padrões anormais de alimentação: são os que possuem transtorno da compulsão alimentar e aqueles com síndrome do comer noturno (SCN). Com a publicação do estudo do pesquisador Birketvedt e seus colaboradores, ficou comprovado que os comedores noturnos possuem níveis mais altos de um hormônio, o cortisol, no sangue durante o decorrer do dia e níveis mais baixos de outro hormônio, a melatonina, a partir da metade da tarde até a metade da noite.
O fato de os obesos com SCN apresentarem níveis de cortisol mais altos é consistente com a noção de que a síndrome seja um transtorno decorrente de estresse. Da mesma forma, os baixos níveis de melatonina podem contribuir para provocar insônia e manter o humor deprimido.
Como agravante, há diminuição do nível de leptina entre as pessoas com SCN. A leptina atua como supressora do apetite. A diminuição de seu nível pode contribuir para reduzir a inibição dos impulsos de fome noturna que interrompem o sono.
Geralmente, as pessoas com SCN comem mais de 55% das calorias totais de um dia entre as 20 horas e as 6 horas da manhã. Mas não comem compulsivamente e sim pelo aumento da vontade de comer. Podem acordar várias vezes durante a noite só para comer. Apresentam também uma piora importante do humor durante a noite. Pela manhã, a pessoa com SCN não tem fome, alimenta-se mal, culpa-se pelo que comeu durante a noite que passou e almoça pouco, criando condições para que se repita o comportamento noturno.
A síndrome do comer noturno é uma combinação de um transtorno alimentar com um transtorno do sono e um transtorno do humor. Está associada com depressão, baixa auto-estima e diminuição da fome diurna. Diversas causas podem provocar o comer noturno, mesmo que isso não seja desejado, sabotando muitas vezes os mais sinceros projetos de emagrecimento. Normalmente, o problema requer a intervenção de psicólogo e de nutricionista e é importante lembrar que somente um psiquiatra pode fazer o diagnóstico da doença.

Entretanto, valem algumas dicas para tentar controlar o problema:
1- Tenha um programa alimentar correto para seguir. Não pule nenhuma refeição e não fique mais de três horas sem se alimentar, para não chegar à noite com fome. Respeite os horários.
2- Divida seu dia em manhã, tarde e noite. Se ocorrer um deslize pela manhã, utilize o período da tarde para recuperação, não deixando apenas para o dia seguinte. Comer uma fatia de bolo pela manhã, não deve ser motivo para ir a uma confeitaria à tarde.
3- O prazer deve fazer parte da vida diariamente. Para algumas pessoas, não fazer nada à noite é algo monótono. O melhor é procurar um descanso ativo, onde possa fazer algo que dê prazer, ou que simplesmente divirta.
4- Procure adotar alguma forma de relaxamento. Aos primeiros sinais do impulso de comer, o relaxamento poderá ser utilizado como forma de controle. Pratique uma atividade física. Os exercícios regulares relaxam, baixam a tensão e são poderosos anti-estressantes.
5- Não tenha em casa alimentos calóricos.
6- Coma devagar, saboreando lentamente o alimento. Muitas pessoas nem percebem o que comem, principalmente quando estão distraídas em frente à TV.
7- Ao chegar em casa desligue o piloto automático. Não adianta se preocupar com coisas que não podem ser resolvidas naquele momento, ou então antecipar problemas que talvez jamais aconteçam. As preocupações geram ansiedade e estresse, e daí para tentar compensar com a comida é apenas um passo.
Acima de tudo, é preciso estar convencido de que a SCN é um doença e requer tratamento multidisciplinar, com médico psiquiatra, nutricionista e psicólogo. Um estilo de vida saudável sempre inclui um programa alimentar adequado e a prática regular de exercícios físicos para ter um bem-estar físico e emocional.

Por:
Flávia Leão Fernandes
CRP 06/68043 Psicóloga clínica, Mestre em Psicologia pela Universidade de Londres, Inglaterra e especialista em Psicologia Hospitalar com enfoque em obesidade.


Fonte: Cyberdiet

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